Em guerra contra a atuação de máfias nos combustíveis, o governo de São Paulo avalia implementar uma tecnologia de rastreamento do próprio líquido (gasolina, álcool e diesel) para ampliar a arrecadação e desvendar os esquemas de distribuição por empresas ligadas ao crime organizado, como o PCC.
Estimativas de distribuidores indicam que o PCC já controla 10% da distribuição de combustíveis em São Paulo.
Como o Estado responde por 40% do mercado nacional, o governo avalia ser usado como teste para um sistema chamado “follow de fuel” (siga o combustível, em tradução do inglês) antes de ser espalhado pelo país.
Pessoas que discutiram a ideia com o governador Tarcísio de Freitas afirmam que a proposta é obrigar as distribuidoras a usarem o que há de mais moderno na tecnologia para garantir, na bomba, informações sobre a procedência dos combustíveis.
O Instituto Combustível Legal (ICL) também acompanha a iniciativa.
“A ideia é injetar nanochips nos combustíveis com as informações da procedência e composição do líquido para que, na bomba, seja possível identificar o que tem nele e por onde passou”, disse Emerson Kapaz, presidente do ICL. “Funcionaria como no caso da detecção do álcool na gasolina.”
Hoje, já existem diversos países que acabaram com a informalidade e com a atuação de organizações criminosas com esse tipo de tecnologia. Foi o caso das Filipinas.
Com isso, qualquer alteração do combustível ou “anomalia” seria identificada nesse momento.
O governador Tarcísio, segundo relatos, ficou empolgado com a possibilidade de usar essa tecnologia para rastrear a atuação do PCC no setor de combustíveis —algo que já se tornou um problema de segurança pública, na avaliação de assessores.
No entanto, para isso, é preciso articular com a ANP (Agência Nacional do Petróleo) já que, para isso, São Paulo não poderia, sozinha e isoladamente, tomar uma iniciativa que afetará toda a produção de combustível do país.
Esse projeto seria um complemento para fechar o cerco contra o “mercado paralelo” nos combustíveis.
Como noticiou o Painel S.A., em parceria com a Febraban, a federação dos bancos, o ICL cogita criar um mecanismo de rastreamento das movimentações financeiras de empresas do setor.
O mercado financeiro segue atento a essa movimentação. Cerca de 40 fundos de investimentos —todos com ações em empresas do ramo de petróleo e distribuição de combustíveis— já estiveram com o ICL para traçar estratégias de fortalecimento da cadeia.
Como noticiou o Painel S.A., um estudo do Bradesco BBI, banco que é sócio da Cosan, avalia que o fim do mercado paralelo permitiria um aumento de 17% no valor de mercado das companhias com capital aberto e elevaria em 15% sua margem de lucro.
Por: Julio Wiziack e Diego Felix Fonte: Folha de S. Paulo
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