Com a ajuda de drones, robôs e inteligência artificial, produtores podem superar a falta de conectividade e altos gastos, abrindo caminho para um agro mais moderno
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A conexão de internet precária, as doenças de lavoura cada vez mais resistentes e a falta de precisão na aplicação de insumos são desafios que há anos atormentam produtores rurais em diversas regiões do país. Claudinei Costa, agricultor de grãos em Corbélia (PR), conhece bem essa realidade: para ele, a limitação de sinal inviabiliza o uso de ferramentas digitais essenciais no controle de pragas e no acompanhamento da produção. “Se houvesse internet de boa qualidade em toda a área, teríamos muito mais precisão e acesso igual para todos, independentemente do tamanho da propriedade”, afirma. Em Sede Alvorada, oeste paranaense, Elton Muller enfrenta outro gargalo: o alto custo para manter a sanidade da lavoura diante de doenças resistentes. “A conta não fecha quando precisamos reforçar defensivos que estão cada vez mais caros”. Sem alternativas, produtores como eles podem ter perdas de até 15% ao ano, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Essas queixas, somadas ao risco de oscilações climáticas e à imprevisibilidade de preços de mercado, ganham ainda mais relevância num momento em que o agronegócio brasileiro se projeta para números recordes. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima um crescimento de 5% no PIB do setor para 2025, sustentado em grande parte por uma safra de grãos que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) calcula chegar a 322,42 milhões de toneladas. Se confirmados, esses resultados podem levar a receita global do agronegócio a R$ 1,43 trilhão, dos quais R$ 937,55 bilhões viriam do segmento agrícola. Entretanto, o desafio de produzir mais em um cenário de custos cada vez maiores e demanda crescente por práticas sustentáveis segue batendo à porta.
Projeções internacionais também corroboram a urgência de soluções inovadoras para o campo. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alerta que, até 2050, o mundo terá de ampliar em 50% a oferta de alimentos, o que requer 35% a mais de água doce. Atualmente, a agricultura consome 72% dos recursos hídricos captados no planeta, o que pressiona o setor a adotar tecnologias mais eficientes, reduzindo o desperdício e otimizando a aplicação de insumos. É uma equação complexa que só tende a se agravar se não houver inovação integrada, capaz de tornar os processos mais precisos, menos onerosos e, principalmente, acessíveis aos diferentes perfis de produtor.
Foi nesse contexto que a Psyche Aerospace desenvolveu o ecossistema Turing, apelidado pelos próprios criadores de “ChatGPT do Agro” por combinar inteligência artificial, monitoramento de drones autônomos, robôs de solo e um aplicativo central de análise agronômica. O CEO da Psyche, Gabriel Leal, de apenas 24 anos, explica que a proposta nasceu da constatação de que não havia uma solução brasileira, de grande escala, que unisse softwares e hardwares de ponta para apoiar o pequeno, o médio e o grande produtor. “O Brasil é uma potência agrícola, mas não olhava para a inovação no campo com a mesma intensidade que o produtor olha para a safra. Unimos especialistas para criar um ecossistema robusto que aprende, em tempo real, com dados de clima, solo e incidência de pragas, e que responde às necessidades urgentes de quem planta e colhe no país”, salienta.
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A oficialização do Turing ocorre em 28 de janeiro, na Experience House, em São Paulo, diante de investidores, produtores e outros interessados em soluções tecnológicas aplicadas ao agronegócio. O modelo proposto pela Psyche integra drones de pulverização capazes de cobrir grandes áreas em alta velocidade, drones de monitoramento com câmeras multiespectrais para mapear a saúde das plantas e rovers de solo que realizam análises detalhadas de pH, umidade e nutrientes. Com isso, a utilização de defensivos e fertilizantes tende a ser otimizada, pois o produtor passa a receber dados de forma imediata, permitindo tomar decisões mais embasadas sobre quando e quanto aplicar de produtos químicos.
Para Edemar Zamprogna, que planta milho e soja em Tijucas do Sul (PR), um “mini drone espião” seria a solução perfeita para acompanhar em tempo real a lavoura e detectar pragas antes de causarem prejuízos irreversíveis. O Turing, ao que tudo indica, poderá suprir essa lacuna ao enviar alertas via aplicativo sempre que houver riscos iminentes na plantação. Estudos da Embrapa mostram que, ao reduzir a sub ou superdosagem de defensivos e aplicar apenas no local onde há foco de infecção, o agricultor não só economiza recursos como também preserva o meio ambiente.
O professor Anderson Rocha, um dos principais pesquisadores brasileiros em Inteligência Artificial e AI Advisor da Psyche, reforça que a convergência entre hardware, software e análise de dados em tempo real é um caminho sem volta para o agronegócio mundial. “O Brasil, como uma das maiores potências agrícolas do planeta, não pode prescindir de soluções de ponta que tornem o campo mais competitivo e sustentável. Ao gerar dados precisos e oferecer recomendações imediatas, o Turing pode elevar a eficiência produtiva e posicionar o país na liderança global de inovações no setor”, explica Rocha.
Se as expectativas se confirmarem, a chegada do Turing também poderá amenizar a insegurança de produtores que temem riscos climáticos e instabilidades de mercado. Ao estabelecer estratégias com base em informações detalhadas sobre solo, clima e incidência de pragas, o agricultor passa a ter uma gestão mais eficiente e previsível. Isso tende a refletir na qualidade dos alimentos, na redução de custos de produção e no uso mais racional de recursos naturais, indo ao encontro das exigências globais por sustentabilidade e rastreabilidade.
No fim das contas, a aspiração de Claudinei Costa em Corbélia ou de Elton Muller em Sede Alvorada pode se tornar realidade: com a digitalização das fazendas, os dados estarão disponíveis onde quer que o produtor esteja, e o monitoramento das lavouras deixará de ser um desafio intransponível. O Turing, apelidado de “ChatGPT do Agro”, entra em cena para lembrar que o futuro do campo depende, mais do que nunca, de tecnologias capazes de resolver dores históricas e antecipar soluções para problemas que ainda estão por vir. Se a iniciativa vingar, o Brasil poderá sair na frente como referência em produtividade, eficiência e sustentabilidade — valores cada vez mais cruciais num mundo que busca conciliar a oferta de alimentos com a preservação dos recursos naturais.
Sobre a Psyche Aeroespace
A Psyche Aerospace é uma empresa inovadora que está revolucionando a pulverização agrícola por meio de tecnologias avançadas e soluções autônomas. Com sedes em São José dos Campos, o maior polo aeroespacial do Brasil e Campinas, considerada o Vale do Silício brasileiro, a empresa desenvolve hardwares e softwares como drones autônomos e estações de reabastecimento inteligentes para otimizar operações agrícolas.
Entre seus principais produtos estão o Harpia P-71, um drone de grande porte capaz de cobrir até 40 hectares por hora com alta precisão, e a Beluga, uma estação de reabastecimento móvel que permite operações contínuas e eficientes. Essas soluções visam reduzir custos, aumentar a eficiência e promover a sustentabilidade na agricultura, alinhando-se aos princípios ESG ao minimizar o uso de pesticidas e o impacto ambiental.
A Psyche Aerospace utiliza tecnologias de ponta, como inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT), computação em nuvem, automação mecatrônica e pulverização eletrostática, para proporcionar operações inteligentes e precisas. Desde sua fundação em setembro de 2022, a empresa tem alcançado marcos significativos, incluindo a realização do primeiro voo bem-sucedido do protótipo Harpia P-71 em março de 2024.
Fonte: Psycheaerospace.com
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