A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) encerrou o mês de setembro com a aprovação de licenças para importação de cerca de 20 mil toneladas de diesel da Rússia, o que indica possível chegada de novas cargas do combustível dessa origem pouco comum no país.
Ao final de setembro, uma carga de cerca de 35 milhões de litros de diesel russo chegou ao porto de Santos, segundo informação do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, que projetou novas cargas chegando em outubro.
As importações da Rússia ocorrem com importadores buscando alternativas aos Estados Unidos, tradicional fornecedor aos brasileiros, mas que agora enfrentam concorrência de europeus em meio aos impactos da guerra na Ucrânia.
Além disso, temendo um possível desabastecimento de diesel e preços altos, o governo brasileiro intermediou em julho uma reunião entre pelo menos três exportadoras russas e distribuidoras de combustíveis, para estimular os negócios.
Embora a situação do mercado de combustíveis esteja relativamente mais calma, com um recuo dos preços do petróleo e reduções tributárias no Brasil que reduziram os valores, o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, destacou a chegada do “primeiro navio de óleo diesel da Rússia” durante entrevista após o primeiro turno.
Desde agosto, com o início do período de maior demanda de diesel no Brasil, a reguladora ANP deferiu 20 licenças de importação para um total de 61,8 mil toneladas do combustível de origem russa para duas importadoras, segundo relatórios da ANP, o mais recente deles divulgado nesta terça-feira.
A responsável pela carga que desembarcou em Santos seria a Ice Química Comercial Importadora e Exportadora Ltda, empresa com sede em Palmas-TO, disse uma fonte do mercado à Reuters.
Não foi possível falar com um representante da empresa, apesar de tentativas telefônicas.
Em agosto, a importadora teve 10 licenças de importação deferidas pela ANP, com 4,14 mil toneladas de diesel cada.
Em setembro, foi a vez da CiaPetro Trading Comercial Importadora e Exportadora, do Paraná, receber outras dez licenças, com 2,04 mil toneladas cada.
Os volumes das cargas, no entanto, podem ser maiores ou menores que os aprovados, segundo a agência, devendo apenas ser feita uma posterior retificação.
Segundo a ANP, o deferimento da licença solicitada à agência pela importadora é obrigatório para a importação do produto, mas não obriga a empresa a trazê-lo ao Brasil. Cada licença é válida por 90 dias, podendo ser prorrogada por igual período.
Grandes Importadas de Fora
O diesel russo ainda não atraiu o interesse das maiores importadoras, como a Blueway Trading controlada pela Raízen (RAIZ4), Vibra Energia (VBBR3) e a própria Petrobras (PETR4), que continuam importando o combustível majoritariamente dos Estados Unidos, conforme os registros de licenças aprovadas.
A importação de derivados de petróleo da Rússia é considerada uma questão sensível pelo setor, em função das sanções impostas ao país pela Europa e pelos Estados Unidos, em retaliação à guerra na Ucrânia.
Há preocupações com represálias econômicas, embora o Brasil não tenha proibido qualquer compra de produtos russos.
Em julho, o diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Mastella, disse que a companhia não descartava a compra de diesel russo diante de cenário de aperto, mas que até então a empresa vinha optando pelos fornecedores tradicionais, como os EUA.
Fonte: Reuters
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