Para Antha Williams, da Bloomberg Philanthropics, liderança do país ficou clara no G20
Líder do Programa de Meio Ambiente da Bloomberg Philanthropies, Antha Williams afirma que o Brasil está na fronteira das inovações necessárias para o mundo lidar com as mudanças climáticas. A liderança do país nesse campo ficou clara com a presidência no G20 e também com a COP30, segundo ela, que cita como positiva a apresentação da proposta brasileira das metas atualizadas das contribuições nacionalmente determinadas (NDCs, na sigla em inglês), na semana passada, durante a COP29.
Williams acaba de participar do seminário do Urban 20 (U20), realizado às margens da cúpula de chefes de Estado e de governo do G20 desta semana. O fórum reúne os prefeitos das principais cidades do G20. Ela trabalha desde 2013 na Bloomberg Philanthropies, braço de filantropia do empresário e ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, que também é enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Ambições e Soluções Climáticas.
“A liderança do Brasil é extremamente importante no mundo hoje. O país obviamente é um dos dez maiores emissores de carbono do mundo, mas também está na fronteira de muitas das inovações que precisam acontecer”, diz Williams.
Ela classificou como um sinal positivo a apresentação, pelo Brasil, das chamadas NDCs, que são objetivos de longo prazo estabelecidos por cada país para redução das emissões e adaptação aos impactos da mudança climática, no âmbito do Acordo de Paris.
A cada cinco anos, é preciso apresentar uma versão atualizada. No plano apresentado em Baku, no Azerbaijão, o Brasil se comprometeu com uma redução de 59% a 67% na emissão de gases do efeito estufa até 2035.
Oportunidades
Na sua avaliação, o trabalho feito pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem criado oportunidades para parcerias em todas as esferas de governo “que podem realmente levar a avanços na agenda climática”.
O meio ambiente é uma das cinco áreas de atuação da Bloomberg Philanthropies, ao lado de artes, educação, inovação governamental e saúde pública, e também uma das principais delas. De acordo com Williams, a Bloomberg Philanthropies é uma das organizações com maior volume de doações em clima do mundo.
Dentro da temática ambiental, o foco se volta principalmente para iniciativas na esfera municipal, a partir das experiências de Bloomberg em seus três mandatos como prefeito de Nova York e de sua visão de como “líderes locais podem fazer a diferença”, afirma ela.
Por isso o investimento na rede C40 Cities, por exemplo, que une quase 100 prefeitos das principais cidades do mundo em prol da ação necessária para enfrentar a crise climática. Um dos projetos dessa rede é o Breathe Cities, que tem o objetivo de combater a poluição do ar, reduzir as emissões de gás carbônico e promover a saúde pública em áreas urbanas.
O encontro do U20 no Rio marcou a entrada da capital fluminense na iniciativa que contempla 11 cidades, como Accra (Gana); Bruxelas; Londres; Nairóbi (Quênia); e Varsóvia (Polônia), por exemplo.
Esse foco nos projetos locais, inclusive, é o que Antha Williams menciona para minimizar o impacto da eleição de Donald Trump na agenda climática dos Estados Unidos e do mundo. Ela reconhece que ter líderes nacionais que “levam a ameaça climática a sério” ajuda no progresso climático, mas diz que mesmo sem essa liderança líderes locais e o setor privado “podem ir longe”, como foi observado no primeiro governo Trump.
“Estive em Baku e as mensagens claras das pessoas que estão lá é que o progresso climático não depende de um governo ou de um ciclo eleitoral. Nosso trabalho continua e os líderes locais permanecem como voz forte e importante na ação climática”, afirma.
A líder do Programa de Meio Ambiente da Bloomberg Philanthropies também comemorou os avanços no grupo de trabalho de Finanças Sustentáveis, parte da trilha de finanças do G20 – cujo resultado foi saudado na declaração final do G20, mas com menos destaque que alguns especialistas esperavam.
Na sua visão, o financiamento para soluções verdes e para a transição climática tem avançado e há mais recursos de governo chegando para iniciativas nessa área, por diferentes mecanismos. “E temos visto muito apetite do setor privado para investir em soluções climáticas”, aponta.
Por: Lucianne Carneiro Fonte: Globo Rural
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