Em um cenário de crescente preocupação com as mudanças climáticas, o Brasil tem potencial para se tornar uma referência mundial na produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês), segundo Gilberto Peralta, presidente da Airbus Brazil. Ele destacou que o país reúne todas as condições para liderar a transição energética no setor aéreo, com a produção de SAF e outros biocombustíveis de origem sustentável.
“Temos que produzir, exportar álcool de segunda geração e SAF aqui no Brasil”, defendeu o especialista, enfatizando a importância de não apenas exportar matéria-prima, mas de fortalecer a cadeia produtiva local. Segundo o executivo, essa abordagem impulsionaria a base industrial brasileira e promoveria a geração de empregos qualificados, capacitando profissionais para operar novas tecnologias, como enzimas específicas utilizadas na produção do combustível.
O desenvolvimento de SAF integra os esforços globais para a redução das emissões de gases de efeito estufa. No Brasil, a “Lei do Combustível do Futuro”, recentemente sancionada, reforça esse compromisso ao estabelecer programas nacionais para diesel verde, combustível sustentável de aviação e biometano. Além disso, a legislação prevê novos parâmetros de mistura de biocombustíveis aos combustíveis fósseis, promovendo uma maior descarbonização da matriz de transportes.
A mistura de etanol à gasolina C, comercializada nos postos do país, foi ampliada, passando de um mínimo de 18% para uma margem de 22% a 27%, com possibilidade de alcançar 35%. Já o biodiesel, que atualmente representa 14% da mistura com o diesel de origem fóssil, terá um aumento progressivo até 20% em 2030.
Histórico exemplar
“O Brasil já tem um histórico exemplar em biocombustíveis”, ressaltou Peralta, ao citar a experiência bem-sucedida com carros a álcool e o papel da Embraer como símbolo de inovação na indústria aeronáutica. “Podemos ser novamente pioneiros, desta vez no setor aéreo, sem depender de ninguém para aprender”, afirmou.
O profissional também criticou a dependência de importação de SAF em detrimento da produção local e destacou que países como a Arábia Saudita já investem na produção desse combustível. “O Brasil precisa vencer os desafios internos e se posicionar no cenário global como líder na produção de SAF”, concluiu.
Fonte: Fábio Palaveri – Visão Agro
Clique AQUI, entre no canal do WhatsApp da Visão Agro e receba notícias em tempo real.