A conferência internacional BBEST – IEA Bioenergy 2024 reunirá em São Paulo dias 22 a 24 de outubro as referências internacionais da bioeconomia e dos biocombustíveis; Formuladores de políticas públicas de vários países, cientistas, pesquisadores e responsáveis por políticas públicas já confirmaram presença.
A conferência internacional BBEST – IEA Bioenergy 2024 chega a São Paulo ao final de outubro. O evento, que traz em seu DNA o papel da bioenergia na transição energética, contará com três importantes atores, agora reunidos: o BBEST (Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference), organizado a cada três anos pelo Programa de Pesquisa em Bioenergia da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP); o Programa de Colaboração Technológica em Bioenergia da Agência Internacional de Energia (IEA Bioenergy TCP) e a Sociedade de Bioenergia (SBE).
Formuladores de políticas públicas, representantes de organismos internacionais, cientistas, pesquisadores, bem como empresários da bioeconomia de vários países deverão se reunir de 22 a 24 de outubro. Na pauta do BBEST – IEA Bioenergy 2024 constam as principais soluções de bioenergia e biocombustíveis da atualidade, a inovação no setor e os caminhos para financiar os esforços globais da bioenergia.
“A bioenergia ganhou ainda maior relevância em face à grande crise climática pela qual estamos passando. Os biocombustíveis têm um papel importante na descarbonização das economias”, defende Glaucia Mendes Souza, co-presidente da conferência, pesquisadora e professora titular do Departamento de Bioquímica da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Programa de Bioenergia (BIOEN) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Momento de decisões multilaterais
Para Glaucia, uma referência internacional em biocombustíveis, a BBEST – IEA Bioenergy 2024 ganhou uma musculatura adicional este ano, pois o Brasil está mediando decisões multilaterais que determinarão um futuro justo para a transição energética criando oportunidades para o desenvolvimento social. O evento também recepcionará a Technology Collaboration Programme de Bioenergia (TCP, ou Programa de Cooperação Tecnológica), da Agência Internacional de Energia (IEA), um dos órgãos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A BBEST – IEA Bioenergy Conference, segundo a professora, ganhará um papel ainda mais relevante em 2024, pois o Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia, que co-organiza a Conferência, contribuiu com estudos para a IEA Bioenergy, os quais foram apresentados em uma reunião multilateral em Foz do Iguaçú no início de outubro, e que serão discutidos na Conferência. O encontro em Foz do Iguaçu precedeu a reunião da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, prevista para novembro.
“Ao assumir a presidência do G20 em 2024, o Brasil colocou na mesa os desafios da transição energética ao redor do mundo. E acreditamos firmemente que os biocombustíveis – área em que o Brasil tem muito a contribuir tanto em pesquisa, como em desenvolvimento – serão fundamentais para atingirmos as metas estabelecidas no Acordo de Paris, em especial nos países emergentes com grandes estensões de terras cultiváveis”, adianta ela. Serão cruciais, ainda, para o cumprimento das metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Combustível do Futuro
De acordo com Souza, a Conferência se dá num momento particularmente propício aos biocombustíveis no Brasil. Para muito além da pesquisa desenvolvida no país e da grande produção de biocombustíveis, entre os países em desenvolvimento, o Brasil se destaca pela proatividade com que dá forma a iniciativas concretas. Ela cita, como exemplos, a sanção da legislação do Combustível do Futuro, para descarbonizar os transportes, no início de outubro, e o Renovabio, uma iniciativa federal que já conta com seis anos.
No caso específico do Combustível do Futuro, o programa, subordinado ao Ministério de Minas e Energia (MME), visa dar apoiar novas indústrias verdes e destravar R$ 260 bilhões em investimentos em diversas áreas e ações para evitar a emissão de 705 milhões de toneladas de CO2 no Brasil até 2037.
A nova bioeconomia que está sendo apoiada engloba o diesel verde, produzido a partir de gorduras de origem vegetal e animal, cana-de-açúcar, etanol e biomassas. Também estão na lista do Combustível do Futuro o biometano, uma alternativa ao gás natural; e a produção local de Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês).
Já, no caso do Renovabio, um mercado local de créditos carbono focado em biocombustíveis, já há frutos a serem comemorados. Desde 2019, quando foi efetivamente lançado, até o momento, foi responsável por movimentar cerca de R$ 9 bilhões em títulos (Cbios).
Cooperação internacional
Para Dina Bavosky, co-Chair da BBEST – IEA Bioenergy 2024 Conference e também Chair do Programa de Colaboração Tecnológica de Bioenergia da Agência Internacional de Energia, quando se trata de implantar a bioenergia sustentável no mundo, a cooperação global é crucial.
Segundo Bavosky, ela própria moderadora de um dos painéis de política de estado voltado à discussão dos usos eficazes da bioenergia sustentável, será um grande prazer apresentar na Conferência os principais resultados e conclusões do trabalho da área que lidera. “Procuramos reunir especialistas internacionais para colaborar em tecnologias de bioenergia nesse fórum”, afirma. O evento, aliás, congregou uma constelação de nomes ligados ao estado da arte dos biocombustíveis, vindos dos mais variados continentes.
São esperados para o painel de abertura da conferência André Aranha Corrêa do Lago, embaixador e Secretário para o Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores; Jim Spaeth, gestor do programa de Bioenergia do setor de Tecnologias para a Bioenergia do Departamento de Energia dos Estados Unidos (EUA); Sangita Kasture, cientista do Ministério das Energias Novas e Renováveis da Índia; e Maria Georgiadou, especialista em Combustíveis Renováveis, Biocombustíveis e Bioenergia da Direção Geral de Pesquisa e Inovação da Comissão Europeia.
A conferência, além de várias sessões paralelas, trará dois painéis de políticas públicas: “Como as políticas públicas podem apoiar a implantação de bioenergia sustentável com vistas às suas aplicações mais efetivas”, moderada por Dina Bacovsky, co-presidente da BBEST – IEA Bioenergy e líder da área de Biocombustíveis do Bioenergy and Sustainable Energies (BEST), na Áustria; e “Construindo a confiança e criando sinergias na bioeconomia”, moderado por Laís de Souza Garcia, do ministério das Relações Exteriores do Brasil, e por Jim Spaeth, da Biofuture Campaign, dos Estados Unidos.
Discussões em paralelo
Os painéis paralelos versarão desde Combustíveis Sustentáveis para a Aviação (SAF) – os quais, pelos preceitos do programa global para a redução e compensação de emissões de CO2 da aviação internacional CORSIA, deverão ser adotados pelos países signatários já em 2027 -, à criação de cadeias produtivas baseadas em resíduos animais, biogás, biomassa, biorrefinarias, entre outros tópicos de mesma natureza.
A conferência BBEST – IEA Bioenergy 2024 contará, ainda, entre as várias iniciativas do seu programa, com uma sessão de celebração dos avanços dos últimos 25 anos da pesquisa em bioenergia do Estado de São Paulo. O programa da Conferência pode ser acessado aqui.
Fonte: SBE – Sociedade de Bioenergia – The Bioenergy Society
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