O Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais (Cemaden) informou nesta sexta-feira (13), que 117 municípios brasileiros acumulam entre 150 e 158 dias consecutivos sem chuva. Destes, 16 estão localizados no sudoeste da Bahia e 19 estão em Goiás. A maior parte, cerca de 80 municípios, estão concentrados no norte de Minas Gerais. Dentre esses, dez estão atingiram 158 dias sem chuva.
No triangulo mineiro e norte de Minas Gerais, o período de dias consecutivos sem chuva já está de 60 a 90 dias acima da média.
De acordo com a especialista em secas e pesquisadora do Cemaden, Ana Paula Cunha, no Brasil, a condição de mais de 5 meses sem precipitação é incomum para áreas fora do interior do semiárido. “A única região em que situação semelhante ocorre é no semiárido, mas em média 120 dias consecutivos sem chuva”, afirma a pesquisadora. “Não é normal tantos meses seguidos sem chuva na região central de Minas Gerais e em Goiás”, complementou.
Os municípios que registram períodos mais longevos estão marcados no mapa na cor marrom. Em vermelho, mais ampla abrangem municípios sem chuvas de 120 a 150 dias. A mancha marca a região central do país. A estimativa de dias secos consecutivos é realizada a partir de dados de satélite. Não são utilizados dados de estações meteorológicas.
Segundo o Cemaden, o Brasil registra em 2024 a seca mais extensiva da história recente. Aproximadamente 5milhões de km2, o que equivale a 58% do território, está experimentando alguma condição de seca.
Os números corroboram com estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que apontou aumento progressivo do número de dias secos consecutivos, tendo aumentado de 80 para 100 dias na década mais recente.
Fenômeno iniciou em 2023
A pesquisadora explica que a seca de 2024 não pode ser dissociado dos acontecimentos de 2023, quando ocorreu o fenômeno El Niño entre os cinco mais intensos já registrados. “Nós começamos a detectar os sinais de seca na Amazônia em maio de 2023 e, desde então, a situação não melhorou. Assim, o Cemaden não sinalizou que a seca de 2023 havia acabado”, expressou Cunha.
A condição de seca só se encerra quando as chuvas retornam à normalidade, o que não aconteceu durante a estação chuvosa. No Centro-Norte do país esse período é bem demarcado, se iniciando em meados de novembro e se estendendo até meados de abril, registrou precipitação abaixo das médias histórias.
Os níveis dos principais rios da Amazônia e Centro-Oeste não retornaram ao normal após a estação chuvosa de 2023/2024, uma vez que nessas regiões as chuvas acumuladas foram abaixo da média. Essas regiões entraram na estação seca (período do ano com menor acumulado de chuvas) já com um déficit significativo de chuvas. “Como os rios subiram, alguns concluíram que a situação tinha sido resolvida e na verdade não foi. Os rios não se recuperaram de modo suficiente e neste ano secou super-rápido”, explica.
Em 2024, o fenômeno El Niño enfraqueceu, mas o oceano Atlântico Tropical Norte permaneceu aquecido. A superfície da água em algumas regiões registrando anomalias de temperatura de até 2oC. A situação contribui para manter o tempo quente e seco sobre a área central do país porque influencia a circulação na atmosfera. Ainda não há perspectiva de que as condições meteorológicas possam ser revertidas em breve.
Quanto mais tempo permanecer o período com altas temperaturas e baixa umidade, mais intensos podem ser os impactos, entre os quais está risco de incêndio.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), há 60% de chance do fenômeno La Niña, que resfria as águas superficiais do Pacífico equatorial, de confirmar até o fim deste ano. Por enquanto permanece a condição de neutralidade. A La Niña poderia contribuir com o retorno da chuva na região central.
A previsão de chuva para os próximos dias é direcionada para a região Centro-Sul, a partir de São Paulo. Para o Centro-Norte do país, a tendência é de continuidade do cenário de tempo quente e seco.
Fonte: Gov.br
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