Biocombustível a partir do cereal deve garantir, com 5 bilhões de litros, estoque de passagem na entressafra de cana, avalia o CEO da empresa, Martinho Ono
Uma possível queda na produção de etanol de cana-de-açúcar, em virtude de uma redução no processamento na safra 2025-2026 da cultura, pode ser suprida por uma oferta adicional de 2 bilhões de litros de etanol de milho em 2025. A projeção é de Martinho Ono, CEO da SCA Brasil, uma das maiores comercializadoras no mercado físico de biocombustíveis no País.
A moagem nas usinas e destilarias foi de 654,5 milhões de toneladas em 2023-2024 e deve encerrar o atual período 2024-2025 em até 608 milhões de toneladas. Para a safra 2025-2026, a estimativa inicial da SCA Brasil é de um processamento entre 565 milhões e 585 milhões de toneladas, com impacto direto na oferta de etanol de cana.
“A previsão é cautelosa, pois é bom ponderar as chuvas que retornaram a partir de outubro e podem seguir no restante do período de primavera e verão”, afirmou Ono em live realizada pela companhia nesta terça-feira. Com uma produção crescente e investimentos bilionários em novas plantas industriais, o etanol de milho tem, de fato, assumido um protagonismo cada vez maior na garantia da oferta do biocombustível no País.
Por ter a produção durante todo o ano, graças à possibilidade de estocagem do grão, o etanol a partir do cereal tem garantido a estabilidade no mercado na entressafra da cana-de-açúcar, entre dezembro e março.
Dados da SCA Brasil apontam que o estoque de passagem entre as safras 2024-2025 e 2025-2026 de cana, em março do próximo ano, deve ser de 1 bilhão de litros de etanol anidro, o misturado à gasolina em até 27,5%, e de 1,32 bilhão de litros de hidratado, o consumido diretamente nos tanques.
Os volumes estão em linha com o consumo médio mensal de etanol, mas só serão possíveis com uma oferta de 5 bilhões de litros do biocombustível de milho na entressafra canavieira.
“Com essa produção de etanol de milho estamos tranquilos na questão entre oferta e demanda e já mostramos isso ao governo federal”, disse o CEO da companhia com mais de 100 clientes ligados a grupos empresariais do setor sucroenergético, além de produtores rurais em onze estados brasileiros.
Pela nova lei do combustível do futuro, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mês passado, a mistura do etanol anidro à gasolina pode subir 2,5 pontos percentuais, para até 30%. Se o chamado E30 for aplicado no Brasil, uma demanda extra anual de 1,2 bilhão de litros de etanol anidro seria criada.
Apesar do crescente aumento na produção do etanol de milho, essa demanda extra será coberta pela migração da produção do etanol hidratado de cana para o anidro, avalia Ono.
Por: Gustavo Porto Fonte: AgFeed
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