A Petrobras planeja lançar em 2027 um projeto piloto para capturar e estocar carbono no subsolo antes de oferecer o serviço ao mercado. A unidade será instalada em Macaé, no litoral fluminense, e tem operação comercial prevista para 2033. O investimento deve ser contemplado no próximo plano estratégico da companhia.
A atividade, chamada de captura e armazenamento de carbono (CCUS, na sigla em inglês), não é regulamentada no Brasil. A tecnologia começou a ser implementada recentemente nos Estados Unidos e na Europa para “enterrar” o dióxido de carbono emitido na produção industrial.
A Petrobras não informou o valor previsto para o investimento, mas o desenvolvimento da planta deve constar no planejamento estratégico 2024-2028 da petroleira, que será lançado no fim do ano.
De acordo com o diretor de transição energética da empresa, Mauricio Tolmasquim, os custos para construção do piloto e início da operação comercial ainda estão sendo levantados.
“A implantação [comercial] vai depender dos resultados do piloto. Mas para este ´hub´ podemos afirmar que os investimentos teriam ordem de grandeza de um grande sistema de produção de exploração e produção de gás natural”, disse o executivo.
A empresa definiu que o investimento será contabilizado por meio da rubrica de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). Os contratos de concessão e partilha determinam que as empresas devem realizar pesquisas em valor correspondente a 1% da receita bruta da produção dos campos.
A Petrobras já utiliza CO2 num processo que reinjeta o gás em poços ativos para ajudar na extração de óleo. No ano passado, a estatal reinjetou 10,6 milhões de toneladas nos campos do pré-sal. Já no projeto que será desenvolvido a partir de 2027, a ideia é enterrar o CO2 em poços inativos ou camadas subterrâneas de onde não há mais combustível fóssil. Os gases, nesse caso, podem ser captados da produção de petróleo ou de outras atividades industriais para que empresas atinjam suas metas de descarbonização.
O modelo da Petrobras será instalado próximo ao terminal de Cabiúnas, que recebe gás do pré-sal da Bacia de Campos. Segundo Tolmasquim, a área tem grande potencial pelo tamanho do reservatório e pela proximidade das indústrias da região Sudeste. “A gente tem um potencial reservatório justamente na região onde está grande parte da indústria e de onde o CO2 está sendo emitido. Se for longe, o custo do transporte acaba inviabilizando”, observou.
Segundo o executivo, uma siderúrgica já demonstrou interesse na parceria, mas a conversa foi preliminar, pois o projeto vai começar em escala reduzida. “Antes de partir para o projeto comercial a gente quer testar, ver se realmente está capturado, se tecnicamente aquilo funciona.”
Fora do Brasil já há alguns modelos de hub em desenvolvimento. Shell, Total e Equinor, por exemplo, criaram um consórcio para transportar carbono de fábricas instaladas no Mar do Norte até uma plataforma na costa da Noruega. O projeto entra em operação ano que vem.
No Brasil a atividade ainda não é regulamentada. O governo federal planeja apresentar um projeto de lei sobre o assunto enquanto um projeto do então senador Jean Paul Prates, proposto antes de assumir a presidência da Petrobras, tramita no Senado desde o ano passado.
A Petrobras diz não estar participando da discussão legislativa, mas defende que a regulação é fundamental para o desenvolvimento da atividade.
“A regulamentação é sempre bem-vinda e a gente está falando de duas que são fundamentais. Uma é a autorização para injetar e outra é a definição sobre a comercialização do crédito de carbono”, afirmou Tolmasquim.
A Petrobras mantém outras regiões para poder estocar carbono no radar, como Bahia, Espírito Santo e Cubatão (SP).
Fonte: Valor Econômico
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