Não é novidade que o agronegócio brasileiro é uma grande potência. Nossa produção tem papel importante em diversos setores da economia mundial comercializando grãos, proteínas, fibras, biocombustíveis, frutas e outra infinidade de produtos.
Obviamente essa notoriedade não ocorreu por acaso, ao longo da nossa história soubemos aproveitar as oportunidades que nos trouxeram aqui. Você pode ficar um pouco incomodado com esta afirmação, temos o hábito de sempre reclamar da nossa história, mas o fato é que somos destaque por ostentar indicadores invejáveis de produtividade bem como por desenvolver pesquisas que originaram novas tecnologias e sistemas de produção, e nossas universidades e instituições de pesquisa como a Embrapa (que esse ano completará 50 anos de fundação) tiveram papel fundamental nessa trajetória.
Agora, estamos diante de uma nova oportunidade que tem o potencial de nos colocar na posição de líderes mundiais: a agricultura de baixo carbono. Não se trata aqui de um “discurso verde”, longe disso, a decisão é puramente econômica.
Em relatório de janeiro do ano passado a Research and Markets estimou que o mercado de insumos biológicos deve valer algo em torno de US$18,5 bilhões até 2026. Grandes empresas conhecidas pela sua atuação em químicos, como a Adama, Bayer, Corteva, FMC e Syngenta já enxergaram isso e estão buscando lançar novos produtos e se posicionar. No Ministério da Agricultura, as concessões de registros de novos defensivos biológicos saltaram de 42 pedidos em 2017 para 112 em 2022, uma alta de 167% em 5 anos.
Sim, produzir com menos emissão de carbono passa pela substituição de insumos químicos como adubos e defensivos, mas significa principalmente olhar para cadeia de produção e procurar alternativas aos sistemas de produção atual. Um bom exemplo disso foi anunciado recentemente pela gigante BUNGE que pretende eliminar uso de fertilizante mineral em suas operações com cana-de-açúcar até 2025, aproveitando os resíduos da produção (como torta-de-filtro e vinhaça) e fazendo uso de bactérias fixadoras de nitrogênio do ar, como a Nitrospirillum amazonense.
Essa é uma corrida mundial e temos um longo caminho a percorrer, mas a boa notícia é que o Brasil larga alguns quilômetros à frente dos demais países. E isso não se deve apenas pela competência das nossas instituições de pesquisa ou dos nossos produtores, temos uma vocação literalmente natural para a agricultura, um diferencial muito difícil de ser copiado: área suficiente para cultivo, água em abundância, florestas nativas intactas e um posicionamento geográfico que nos fornece radiação solar para produzir; insumos mais que suficientes para os próximos artigos.
Rodrigo Amoroso
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