Grupo dono das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroen quer atrair inclusive fabricantes que estão hoje no México
A Stellantis, grupo que reúne as marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroen, entre outras, vai investir na descentralização de sua cadeia de produção. Segundo o presidente do grupo para a América do Sul, Antonio Filosa, o Brasil é peça chave nessa estratégia.
“Queremos eletrificar com etanol, resposta muito brasileira”, disse Filosa em entrevista online a jornalistas. Até 2030, segundo ele, o grupo tem como meta reduzir à metade suas emissões de gás carbônico, e o emprego da tecnologia flex nacional oferece uma solução simples para alcançar esse objetivo.
O desenvolvimento de um carro híbrido que combine a eletricidade não só a combustíveis fósseis, mas também ao etanol, tem outro propósito. Segundo o executivo no comando da Stellantis, a proposta embute a busca por sinergia com as a tecnologia já desenvolvida nas plantas brasileiras e evita a deterioração dos ativos de produção no país.
Em Betim (MG), está o maior centro de montagem de motores e de transmissão do grupo no mundo, com uma produção que já alcança 1,3 milhão de unidades por ano.
“Nós vamos para o mundo, um dia, quando as crises terminarem e o mercado se reestabelecer”, previu Filosa. Na visão dele, quando a escala da produção global voltar a crescer, será necessário ter na manga diversas opções para atender às necessidades e anseios do mercado consumidor. “E o Brasil terá o etanol“, assinalou.
Para pôr em marcha essa transformação, a Stellantis vai estimular a atração de fornecedores de peças e tecnologia de ponta ao redor de suas principais linhas de montagem no Brasil, hoje já distribuídas por estados de diferentes regiões, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco.
Para ampliar o leque de produtos e ocupar a capacidade de produção dessas fábricas, a montadora pretende aportar em seu entorno conhecimento tecnológico para a eletrificação.
“Em Pernambuco já temos 30 fornecedores. Temos que chegar a 50. Em 2025 ou 2026 já estaremos perto desse número”, afirmou o presidente a Stellantis, dando um exemplo do trabalho de ampliação da produção de componentes ao redor de suas fábricas. Nesse incremento, segundo ele, será necessário atrair alguns fabricantes que hoje estão instalados no México, por exemplo.
A movimentação não deixa de ser uma resposta ao nó logístico após a pandemia, que deflagrou uma crise de oferta global e elevou os preços tanto dos veículos quanto de seus componentes a um novo patamar. A distribuição da produção e a ampliação do leque de produtos nas diversas unidades instaladas no Brasil preenche ao longo do tempo a capacidade dessas unidades, mais ociosa após o abalo econômico sofrido com a covid-19. De quebra, contribui para o desenvolvimento do mercado local, o melhor da montadora na região, sobretudo após o agravamento da crise na Argentina.
“Temos que descentralizar a indústria no Brasil. Levar para estados longe do Sul e do Sudeste. Isso vai levar a maior distribuição de renda em outros territórios, vai atrair demanda”, disse o executivo, que chama esse de o lado egoísta do estímulo dado ao desenvolvimento pela indústria automotiva, para além do ganho social promovido com a estratégia.Fonte: O Globo