O número total de gado confinado no Brasil neste ano bateu recorde e ficou em 6,95 milhões de bovinos de corte, alta de 4% ante 2021, quando foram alojados no cocho cerca de 6,69 milhões de bois. O dado é do Censo de Confinamento DSM 2022, que monitora mais de 2,5 mil fazendas pecuárias em todo o País.
O levantamento mostrou que, neste ano, houve aumento de 5% no volume de animais confinados em boiteis com capacidade de engorda para 10 mil animais. Esse segmento representou 51% de todo o volume de boiadas confinadas, enquanto os pequenos confinadores (com capacidade para menos de 1 mil) passaram de 9% do total em 2021 para 5% em 2022. A representatividade de confinadores com capacidade para 5 mil animais a 10 mil animais, passou de 16% em 2021 para 14% em 2022. Já aqueles que confinam entre 1 mil animais e 5 mil animais viram sua participação aumentar de 29% no ano passado para 30% em 2022.
Em evento promovido nesta quarta-feira pela DSM para divulgar os números do censo, especialistas destacaram que o cenário em 2022 foi desafiador para a atividade. O setor foi influenciado pelo aumento na oferta, com maior abate de fêmeas, alta de 5% no abate total, ciclo pecuária em baixa, com queda nos preços do bezerro, boi magro e boi gordo. O consumo doméstico, que é responsável por ficar com 70% da produção brasileira, deve fechar 2022 em 25,07 kg per capita (-1%) por causa da inflação alta que reduziu o consumo. O resultado negativo ficou em 17% por arroba do boi gordo confinado em 2022, ou R$ 49, em comparação com o ano passado.
Em contrapartida, os especialistas da DSM apontam que as exportações de carne bovina ajudaram a “amortecer” o movimento baixista, com o País embarcando um volume recorde para o mercado internacional, em média, acima de 200 mil toneladas por mês.
O censo mostrou, ainda, que os três Estados com maior rebanho confinado este ano são Mato Grosso, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Ainda de acordo com especialistas da DSM, os produtores precisam fazer uma gestão financeira mais apurada e utilizar a tecnologia como aliada para aumentar a eficiência e produtividade dos animais confinados, dado o cenário de alta de custos.
Para 2023, a empresa prevê um ano de incertezas para o setor. Segundo a DSM, a demanda externa vai continuar aquecida, com câmbio favorável. Apesar disso, o consumo interno vai continuar sendo pressionado, com possível melhora neste fim de ano e ao longo do próximo. “Teremos maior oferta de animais, o que inclui maior abate de fêmeas. Isso vai refletir diretamente na produção, que vai aumentar a partir desse ano, mas se prolongando principalmente em 2023 e 2024”, disse o vice-presidente do negócio de Ruminantes da DSM para a América Latina, Sergio Schuler.
Em relação à pecuária leiteira, eles afirmam que o mercado continua incerto, com queda na demanda por lácteos, principalmente, por causa da retração na renda dos consumidores do mercado doméstico. Além disso, os altos preços da arroba bovina podem desestimular a atividade leiteira, quando produtores de leite preferem se desfazer do plantel, mandando vacas para abate. Para 2023, a DSM citou perspectivas de demanda ainda fragilizada, com o La Niña podendo afetar o desempenho do primeiro trimestre, contribuindo com os elevados custos de produção ao produtor.
Fonte: Estadao
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