O agronegócio brasileiro registrou um aumento nos pedidos de recuperação judicial no segundo trimestre de 2024. Dados da Serasa Experian mostram que 121 produtores rurais que atuam como Pessoa Jurídica (PJ) solicitaram o recurso entre abril e junho, um crescimento de 40,6% em relação ao trimestre anterior.
Minas Gerais liderou o ranking de estados com o maior número de solicitações, registrando 31 pedidos, seguido por Mato Grosso, com 28, e Goiás, com 15.
O levantamento também apontou que os setores mais afetados foram o cultivo de soja, com 53 pedidos de recuperação judicial, seguido pela criação de bovinos, com 25, e o plantio de cereais, com 23. Outras atividades, como o cultivo de café e a horticultura, também aparecem, mas com números menores, somando sete e três pedidos, respectivamente.
Além dos produtores rurais, empresas relacionadas ao agronegócio também enfrentaram dificuldades financeiras. No mesmo período, 94 companhias solicitaram recuperação judicial, um aumento de 22% em comparação ao primeiro trimestre de 2024. Goiás e São Paulo lideraram entre as empresas, cada um com 16 pedidos, seguidos por Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Entre as empresas demandantes, as agroindústrias de transformação primária foram as que mais recorreram ao recurso, com 34 solicitações. Também se destacaram os serviços de apoio à agropecuária (16), a indústria de processamento de agroderivados (13), o comércio atacadista de produtos agroprimários (12) e de produtos processados (9).
“O que está acontecendo agora é o reflexo de uma combinação de eventos diversos que causaram perdas e desafios significativos no campo. O aumento dos juros, o preço ameno das commodities e os custos mais altos para a produção, causaram impacto de forma negativa aqueles que já estavam comprometidos financeiramente. Ou seja, para algumas commodities e municípios específicos têm sido complexo equilibrar as contas, mas não é algo generalizado no setor”, disse o chefe de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, em nota.
Os dados do levantamento foram baseados em processos registrados nos tribunais de justiça de todos os estados, envolvendo produtores rurais e empresas ligadas ao agronegócio, classificadas pelo Cadastro Nacional de Atividade Econômica (CNAE). O estudo abrange empresas de diferentes portes e segmentos da cadeia produtiva do agro.
Por: Gabriel Azevedo | Fonte: Agência Estado
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