Ainda que tenha ultrapassado os US$ 90 em meados de outubro, o petróleo Brent chega ao fim do mês abaixo dessa barreira. A commodity, que estava em US$ 89,06 no primeiro dia útil de outubro, encerrou a última terça-feira (31) cotado a US$ 85,09, recuo mensal de 7,8%.
A trajetória de alta até a metade do mês foi levada, especialmente, pelos temores que envolviam a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas e as possibilidades de envolvimento de países produtores de petróleo vizinhos ao conflito. Ainda assim, o medo arrefeceu com a percepção de que grandes nações petroleiras, como Irã e Arábia Saudita, se manteriam nos bastidores do conflito, e não se envolveriam de forma direta, conforme analistas ouvidos pelo Valor.
Entre os fatores que aceleraram as cotações do Brent em outubro, estiveram ainda as primeiras sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra a Rússia em razão do teto de preços imposto ao produto russo. Dois navios foram sancionados por quebrarem o limite dos US$ 60 por barril de petróleo cru exportado pela Rússia por conta da guerra na Ucrânia.
Apesar dos elementos que pesam nos preços, o Brent está em trajetória de acomodação, explica Julia Passabom, economista do Itaú BBA. “O balanço global entre oferta e demanda de petróleo está bem apertado, principalmente com a regulação devido à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+). O cartel já prometeu que irá manter os cortes de produção até o fim do ano, mas essa decisão deve ser reafirmada mensalmente, o que deve ser seguido de perto. Mas a tendência é de acomodação dos preços entre US$ 85 e US$ 90 até o fim do ano.
Passabom afirma que, ainda que tenham ocorrido picos após eventos relacionados à guerra no Oriente Médio, os impactos sobre os preços são por conta das interpretações da relação com os países produtores de petróleo. “O impacto direto do conflito é praticamente nulo.” Em paralelo, a produção brasileira está em trajetória ascendente e com preços de derivados e câmbio dentro dos limites esperados, diz a economista. “Vemos espaço para mais um corte da gasolina por parte da Petrobras, com base nos cálculos sobre o preço de paridade de importação.”
O analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, chama atenção para os efeitos da política monetária sobre os preços da commodity, que tem mantido a demanda em níveis mais baixos. “Temos visto nos últimos dias os preços do petróleo mais mornos, em linha com o novo status de estabilidade do conflito entre Israel e Hamas e seguindo a política monetária”, afirma.” Autoridades em todo o mundo têm mostrado dificuldade para domar a inflação, mantendo discursos de menor crescimento econômico.”
Localmente, Arbetman destaca os resultados das companhias do setor de óleo e gás, como a Vibra, que divulga balanço no dia 6 de novembro, e Ultra, no dia 8. “A Vibra afirmou na última teleconferência que não fez importações da Rússia. Precisaremos ver se isso se manteve no terceiro trimestre.”
Fonte: Valor Econômico
Clique AQUI, entre no canal do WhatsApp da Visão Agro e receba notícias em tempo real.