Em Santos, principal saída do adoçante, a espera está em 23 dias, bem acima da média dos últimos cinco anos, diz StoneX
A exportação de açúcar pelo Brasil em outubro, de 2,88 milhões de toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), acendeu um alerta para a logística do país. Depois de bons volumes no ano, os embarques no último mês ficaram 9% menores que no mesmo período do ano passado e mais de 10% abaixo que em setembro.
O cenário à frente ainda é delicado. A consultoria StoneX, por exemplo, levanta que os portos do país têm 100 navios no total para embarcar entre o início de novembro e a primeira semana de janeiro de 2024. O tempo de espera é de cerca de 21 dias, apesar de já ter registro de alguns terminais com espera de 53 dias neste ano de 2023 nos portos do país.
Especificamente, no Porto de Santos, há 23 dias de espera neste mês de novembro para atracar e 23 também em Paranaguá. As médias de 5 anos para o mês nos dois portos são de 6 e 8 dias, respectivamente, segundo a consultoria. A última vez que o Brasil vivenciou cenário parecido no adoçante em relação à esse gargalo foi há mais de uma década.
“Temos muitas preocupações para o escoamento, especialmente em Santos, onde as chuvas em outubro foram constantes e ficaram bem acima da média no acumulado do mês. Chuva no porto atrapalha o escoamento do produto a granel, que é atracado “ao ar livre”. Assim, as filas de navios aumentaram significativamente, bem como o line-up”, afirma Marcelo Di Bonifacio Filho, analista da StoneX.
Ele explica que esse cenário logístico no principal porto de escoamento do adoçante do país tem relação direta com os resultados de exportação registrados no último mês. “Estamos ‘empurrando’ muitos volumes para os meses seguintes. Novembro, por exemplo, deve exportar bastante açúcar, dezembro também”, destaca o analista da StoneX.
Diante desse cenário complicado, o mercado se preocupa com a oferta a ser disponibilizada pelo Brasil, principalmente por conta dos impactos com a safra na Ásia. A Índia e Tailândia, por exemplo, anunciaram recentemente intervenção do governo nos volumes a serem exportados na nova temporada para garantia do abastecimento interno.
“Vemos preocupações com o escoamento nos curto e médio prazos. Curto prazo porque o período entre novembro e fevereiro/março é mais chuvoso, e as exportações não devem ser tão altas (a não ser que as chuvas melhorem). Novembro deve ser menos chuvoso que outubro, mas no geral daqui até abril as exportações vão permanecer acima da média e acima do ano passado na maioria dos meses, mas não deve exportar todo o potencial por conta dessa perspectiva de chuva. Médio prazo porque o país precisa investir em capacidade nos terminais para lidar com esse açúcar que vai “sobrar” e com os recordes, potenciais, que devemos ver no ano que vem e em 2025″, explica Filho.
O mercado futuro do açúcar bruto na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) segue repercutido essa recente preocupação com a logística brasileira, além dos impactos com a oferta asiática. Nesta semana, por exemplo, o principal contrato atingiu máximo de 12 anos, em 28,14 cents/lb. “A limitação da oferta do Brasil com esse impacto nos portos é altista para os preços”, ressalta o analista em inteligência de mercado da StoneX.
Fonte: Notícias Agrícolas
Clique AQUI, entre no canal do WhatsApp da Visão Agro e receba notícias em tempo real.