A suinocultura tem passado por um período mais crítico em relação às outras proteínas animais brasileiras, como frangos e bovinos, disse na quarta-feira (24) o diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, descrevendo que o setor aumentou bastante a produção de dois anos para cá, tendo em vista o mercado chinês, mas o gigante asiático acabou por reduzir as importações. O movimento da China ocorreu por causa da rápida recuperação de seus plantéis suínos, após a crise da peste suína africana (PSA) que assolou os rebanhos lá desde 2019.
Com o excesso de oferta no Brasil, o preço da carne suína ficou, pela primeira vez, mais barata do que a de frango, lembra Lucchi. “Foi a primeira vez que a gente viu a carne suína mais barata que a carne de frango, é algo que realmente espanta”, disse ele no evento “Perspectivas para a Agropecuária” da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “De certa forma, ainda vai demandar um tempo para o setor se ajustar”, completou. “Assim, o ano de 2023 será um ano de renegociação de dívidas.”
A produção de suínos, segundo Lucchi, é composta por 70% de produtores integrados a alguma agroindústria ou cooperativa e 30% independentes – ou seja, que vendem a produção de forma não previamente atrelada a nenhum comprador. “Os integrados tiveram o mesmo problema da avicultura: dificuldade de renegociação, dificuldade com pagamento da energia, custo alto para construção de galpões”, explicou o diretor técnico da CNA.
A sobrevivência do suinocultor aos efeitos desse cenário devem ocorrer por meio da renegociação de dívidas, segundo ele. “Mas certamente alguns pontos já estão claros, como a melhor gestão na compra da ração concentrada, que é o principal item do custo de produção”, afirmou.
Fonte: Estadao
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